Já todos estamos habituados a que a chegada do inverno seja sinónimo de um aumento dos casos de gripe, mas o surgimento da COVID-19 e o aumento do número de infeções veio aumentar ainda mais a necessidade de prevenção.
Só durante a época gripal 2018/2019 morreram mais de 2.800 pessoas infetadas com esta doença em Portugal. Um número que, aliado ao vírus que agora enfrentamos, evidencia a necessidade de comportamentos preventivos no sentido de evitar possíveis cadeias de contágio e um número excessivo de casos.
A gripe, provocada pelo vírus influenza, é uma doença extremamente contagiosa cuja cura acontece de forma espontânea. É a doença mais frequente na idade adulta e, apesar de ser praticamente inofensiva para a maior parte da população, pode resultar em complicações de saúde graves em pessoas idosas ou com patologias crónicas.
A principal forma de prevenção da gripe é a vacinação, que deve ser feita a partir dos seis meses de idade. Para assegurar a proteção no pico da atividade gripal, a administração desta vacina deve ser feita durante o outono/inverno e, preferencialmente, até ao final do mês de Novembro.
Devido à constante mutação dos vírus da gripe, a imunidade que resulta da vacina não é permanente, pelo que a vacinação deve ser anual. Por este motivo, todos os anos a composição da vacina é alterada em função da probabilidade de circulação de determinados tipos de vírus influenza.
A via de transmissão mais comum do vírus da gripe é através de gotículas expelidas por uma pessoa infetada quando tosse ou espirra. No entanto, o contacto com partes do corpo ou superfícies contaminadas também pode resultar em infeção. Por este motivo, a vacinação deve ser complementada com cuidados acrescidos.
Entre outras coisas, a gripe e a COVID-19 têm em comum as medidas preventivas. Neste sentido, ao proteger-se de uma doença está a proteger-se da outra:
Numa altura em que tanto a gripe como a COVID-19 são uma ameaça à saúde pública, todo o cuidado é pouco. Tendo em conta que a forma de contágio das duas doenças é igual, e para impedir o alastramento dos vírus que as provocam, é importante que o seu comportamento de prevenção preveja também a saúde dos outros.
Assim, deverá adotar algumas medidas simples que têm a segurança dos outros em conta e que reduzem a probabilidade de contágio:
Em caso de sintomas, deve, em primeiro lugar, informar as pessoas com quem teve contacto nos 14 dias antes do surgimento dos primeiros sintomas. Depois, deverá avisar o seu empregador e optar por trabalhar a partir de casa, de modo a não colocar os seus colegas em risco. Colocar-se em isolamento e evitar sair de casa e estar próximo de outras pessoas será o passo seguinte.
Há uma responsabilidade acrescida para todos e desvalorizar uma dor de garganta ou alguns episódios de tosse pode ter consequências graves. Deve evitar o risco de propagar o vírus da gripe, tão perigoso para os mais debilitados. Ao mesmo tempo, ignorar os sintomas de gripe, tão semelhantes aos do novo coronavírus, podem levá-lo a propagar a COVID-19 sem saber. Redobre os cuidados.
Raul Amaral Marques
Pneumologista
Pneumomedical – Centro Médico de Função Pulmonar, Lda.
Fontes utilizadas:
Direção-Geral da Saúde | Organização Mundial de Saúde | Organização Mundial de Saúde | Direção-Geral da Saúde | Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge